peru
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Origem da palavra “Peru”

Peru provavelmente do dialeto hindustânico peru, nome da ave, ou do quíchua ou do aimará piruw, mesclado ao nome do país de onde se acreditava que era originária, pois se supunha que as aves enviadas a Portugal fossem embarcadas no Peru, país que tem registros da presença humana há 10.500 a.C. Mas o nome do país, de origem controversa, deve-se à forma como era ouvida e pronunciada a palavra Beru, dita também Biru ou Pelu, designando rio, região e também um cacique.

É controversa a procedência da ave, que pode ter vindo da Ásia para o México e dali para outros países americanos. O peru, semelhante ao pavão em sua vaidade, chama-se pavo em espanhol. E o português pavão veio do latim pavonis, declinação de pavo.

O italiano usou o grito da ave para designá-la, tacchino, da onomatopeia tacco, que os brasileiros designam gluglu. O francês chama a perua de dinde, redução de d’Inde, da Índia, e o peru de dindon.

Os ingleses achavam que a ave era embarcada na Turquia, Turkey em inglês, e a denominaram com turkey. Pela aparência do pescoço da ave, em parte depenado, designa também o pênis.

História do Peru

O peru (meleagris gallopavo) já era domesticado no México antes do descobrimento da América. Dali foi levado por Cortez para a Espanha, de onde, pela qualidade e abundância de sua carne, passou rapidamente à Inglaterra e aos demais países vizinhos. Por volta de 1580, já era presença costumeira nos banquetes de quase toda a Europa. Desde o início os esquisitos ingleses denominaram a ave de turkey – literalmente, Turquia.

Para justificar essa opção, os dicionários ingleses explicam que os mercadores que provinham do Mediterrâneo oriental (o denominado Levante) eram conhecidos na Inglaterra como mercadores da Turquia, porque a região fazia então parte do Império Turco. Possivelmente tenham incluído a ave entre suas mercadorias e daí a confusão: passaram a chamá-la de Turkey cock (“galo da Turquia”) e depois, muito simplesmente, turkey.

Do outro lado do Canal da Mancha, os franceses não incorreram no mesmo erro britânico. Para eles, o peru tinha vindo mesmo é das Índias – ou melhor, das Novas Índias. Portanto, na mais perfeita lógica gaulesa, os franceses chamaram a nova ave de coq d’Inde (“galo da Índia”), que evoluiu para dinde, sua forma atual. Assim também pensaram muitos outros povos, como fica evidente em seus idiomas: no Catalão, no Polonês, no Russo, no Árabe, até no áspero Basco, o peru também recebeu nomes que o ligam à Índia ou às Novas Índias.

No ídiche ele é chamado indik (apesar de ter sido introduzido tardiamente na culinária judaica, a maioria dos rabinos e comentaristas o considera “kosher“). No próprio Turco, ele é chamado hindi.

Nossos vizinhos, os espanhóis, que tiveram a missão de trazer o peru para as mesas do Ocidente, terminaram chamando-o de pavo. Ora, o dicionário do Corominas nos diz que, no Espanhol, pavo ou pavón era o nome dado na Idade Média ao pavão, o belo pássaro de bela cauda, vindo da Ásia e já presente na arte e na literatura dos gregos e romanos. Quando, após a Conquista do México, levaram o peru para a Espanha, deram-lhe o mesmo nome, talvez pela cauda também generosa que o peru selvagem ostenta até hoje na América. Como o Espanhol não poderia ter um só nome para dois animais diferentes, o peru ficou sendo pavo e o pavão, pavo real.

Quanto a nós, já no primeiro século de nossa colonização começamos a criar e a assar o peru, aqui conhecido como galinha do Peru ou galo do Peru, já que nos servimos do topônimo Peru, durante um bom tempo, para designar toda a América Espanhola. O leitor pôde avaliar o quanto se escondia na pergunta da criança: o peru veio do México, mas os ingleses pensaram que tinha vindo da Turquia; os franceses, os catalãos, os bascos, os árabes, os russos, os judeus do mundo todo e os próprios turcos pensaram (com certa razão) que ele tinha vindo das Índias.

Os espanhóis sabiam de onde ele vinha, mas não o chamaram de México, preferindo situá-lo como um primo americano do pavão. E nós, brasileiros e portugueses, pensamos que ele tinha vindo do Peru – que não conhecia o peru. Hoje ele faz parte mais ativa em nosso vocabulário..

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