Sarcasmo do latim sarcasmus, do grego sarkasmos, “deboche, reprovação insultuosa, observação usando desprezo”, de sarkazein. Este verbo queria dizer literalmente “arrancar a carne”, de sarx, “carne”.
Sacarsm em inglês vem do grego sarx (carne) e do verbo daí derivado sarkázein (arrancar carne). Um comentário sarcástico portanto, é aquele que “arranca carne”, isto é, que fere.
O sarcasmo designa um escárnio ou uma zombaria, intimamente ligado à ironia, com um intuito mordaz quase cruel, muitas vezes ferindo a sensibilidade da pessoa que o recebe. A origem da palavra está ligada ao fato de muitas vezes mordermos os lábios quando alguém se dirige a nós com um sarcasmo mordaz.
O sarcasmo é uma figura de estilo muito utilizada nas artes orais e escritas, designadamente na literatura e na oratória. Fyodor Dostoyevsky foi um dos grandes representantes do uso deste recurso estilístico, definindo-o como “o último refúgio dos modestos e virtuosos quando a privacidade das suas almas é invadida vulgar e intrusivamente”.
História
Na mitologia romana, um riso sardônico é sinônimo de gargalhada tragicômica, mordaz e satírica, ou seja, algo da esfera dos sátiros, companheiros de Saturno. A verdade é que quase todos estes termos brejeiros têm conotação sarcástica, cáustica e picante, própria de deidades infernais como Vulcano.
A origem étnica de termos como o grego Sarkastikós (= Sar kaustikós, literalmente “carne assada”) teria sobretudo a ver com o prazer que os sátiros tiveram no banquete do sacrifício do “deus menino” Dionísio. Em qualquer dos casos, a relação de Talo com esta conotação com os sacrifícios humanos de crianças seria também incontornável.
Que tem o riso sardônico a ver com Talo? “Sardónico» (< latim= sardonicu < grego= Sardonikón) diz-se do riso forçado e sarcástico. “Sardónico” (< latim= sardonicu < grego= Sardonikón < Sardenha). Já na época clássica, portanto, seria patente a patranha etimológica da origem mítica do “riso sardônico”. Como não nos parece que os habitantes da Sardenha tenham tido um prazer particular na matança dos piratas que tentavam assolar as suas costas, resta aceitar que a relação mítica do “riso sardônico’ com Talo se tenha processado a partir duma confusão fonética do nome da ilha da Sardenha com o nome da ilha de Creta. É que, a Sardenha teria sido outrora uma das colônias insulares desta talassocracia para onde terão, aliás emigrado em massa depois da explosão da ilha de Tera, razão em parte das tragicômicas confusões reveladas neste mito.
“Sarcástico” ( “escornear > escornar” = ferir com os cornos; (figurado) tratar com desprezo; envilecer. Quer dizer, a confusão seria inevitável e pode ter sido reforçada pelo fato de Talo ser considerado também filho de Cres, variante do nome do titã Creus, nome foneticamente próximo de Creso ou Cresto, nome que, posteriormente, foi confundido pelos primeiros romanos com o de Cristo, quando, na verdade, era Jisto.
Quer isto dizer que um dos nomes de Talo, enquanto filho morto da Virgem Mãe telúrica, pode ter sido Crio, Creso, Cre. Cresus é relembrado pela sua imolação sacrificial pelo fogo típica dos sacrifícios aos deuses de morte e ressurreição solar. Talo tinha importantes funções rituais de gigantescos “turíbulos”, ainda hoje característicos das catedrais sevilhanas mas onde seriam queimados tanto touros como seres humanos para “autos de fé” em nome dum deus da salvação. Durante muito tempo, foi difícil acreditar que o período áureo da saturnina Civilização Minoica tivesse sido também uma época obscura e arcaica de sacrifícios humanos. A verdade é que não é mais do que isso o que o mito de Talo sugere.
Aliás, o nome de Talo leva-nos sem muitas curvas a Tlaloc, o deus com idênticas funções entre os Astecas, e com reconhecida fama de apreciador de carne humana. Ligado, pelo seu nascimento, a Hefesto ou a Dédalo, Talo era tanto um ser humano como um autômato de bronze. Guardava a ilha de Creta do rei Minos, com uma vigilância e um zelo excepcionais e impedia os viajantes de aportarem das costas da ilha: lapidava-os e queimava-os, apertando-os com o próprio corpo, que ele tinha previamente esquentado, ao mesmo tempo que fazia um longo e temível riso sarcástico.
Assim, facilmente se conclui que a origem da palavra sarcasmo (sarck= carne, ashmo=queimar/ ‘queimar a carne’), poderá estar ligada a estes sacrifícios e rituais em nome dos deuses, típicos atos de fé mitológica.