Aves e Araras
Aves e Araras

Origem das palavras – “Aves”

Aves são uma classe de seres vivos vertebrados endotérmicos caracterizada pela presença de penas, um bico sem dentes, oviparidade de casca rígida, elevado metabolismo, um coração com quatro câmaras e um esqueleto pneumático resistente e leve. As aves estão presentes em todas as regiões do mundo e variam significativamente de tamanho, desde os 5 cm do colibri até aos 2,75 m da avestruz.

Conheça a origem e o significado dos nomes de algumas aves. 

» Animal – A palavra “animal” deriva do latim anima, no sentido de fôlego vital, e veio para o português pela palavra em latim animalis. Animalia é seu plural.

» Zoologia – zoologia (proveniente do grego zoon = “animal” e logos = “estudo”) ciência que estuda os animais.

» Ave – vem do latim avis, “ave, pássaro”, que veio do Indo-Europeu awi, “ave”. Houve pouca mudança nesta palavra desde as épocas das cavernas até os dias atuais.

» Andorinha – Ave de cauda longa e bifurcada que dizem anunciar o verão, a andorinha, vem do latim hirundo.

» Avestruz – vem do latim avis struthius, de avis, “ave”, mais struthius, “avestruz”. Pois é, fica algo como “ave avestruz”. E este nome veio da expressão grega strouthios megale, “pardal grande”. Eles também chamavam este bicho de strouthokamelos, “pardal-camelo”, devido ao seu longo pescoço.

» Bem-te-vi – tem origem onomatopaica, pois faz uma imitação do canto dele. Em alguns países de língua espanhola, eles dizem bicho feo, “bicho feio”.

» Canário – O canário, o mais apreciado dos pássaros de gaiola, conhecido na Europa desde o séc. XVI recebeu esse nome porque foi trazido das Ilhas Canárias, hoje pertencentes à Espanha.

No início da Era Cristã, Juba II, rei da Numídia, fez uma expedição a essas ilhas, onde teve a surpresa de encontrar numerosas matilhas de cães selvagens, de porte avantajado, levados para lá por possíveis viajantes do Norte da África. O fato o levou a chamar o arquipélago de Canariae Insulae (em latim, “ilhas dos cães”), o que faz com que canário seja da mesma raiz que canil ou canino.

» Cisne – do francês antigo cisne, modo de escrever o latim popular cicnu. No latim clássico é cycnu, vindo do grego k’knos. Designa ave palmípede aquática, isto é, que tem os dedos dos pés ligados por membrana, formando uma palma, e que vive mais na água do que na terra. Os cisnes existem em quase todos os continentes e há sete espécies. Todos são grandes e brancos, mas alguns têm o pescoço preto.

» Colibri ou beija-flor – do francês colibri, colibri, o outro nome do beija-flor. A origem da palavra é controversa, mas é provável que tenha se formado de colubri, caso genitivo do latim coluber, cobra. Tem o mesmo étimo o provençal colobro, do latim vulgar colobra, cobra. No português, seu primeiro registro é de 1838, mas no francês se deu em 1640 e foi atribuído a uma das línguas dos caraíbas, povos indígenas que habitavam e ainda habitam a Colômbia, as Guianas, o norte do Rio Amazonas e terras que vão do vale do Rio Xingu até o Rio Paranatinga.

» Curió – o nome Curió na língua tupi guarani significa “Amigo do Homem”, pois este pássaro gostava de viver perto da aldeia dos índios.

» Galinha – vem do latim gallina, “a fêmea do galo”, o qual se chamava gallus lá em Roma.

» Galo – vem do latim gallus.

» Pássaro – um sinônimo de ave é pássaro. Este nome vem do latim passer, “pardal”, o qual abundava em Roma e vizinhanças. Tanto o usaram que acabou pegando para designar “aves em geral”, embora a rigor se refira a uma das ordens das aves.

» Pardal – há duas hipóteses sobre a origem do nome pardal. Ou ele veio do grego párdalos, um tipo de pássaro meio carijó, ou veio do latim pardus, que originalmente era usado para o “leopardo”, devido às manchas que ele apresenta. O pardal foi trazido ao Brasil em 1906.

» Peru – O peru (meleagris gallopavo) já era domesticado no México antes do descobrimento da América. Dali foi levado por Cortez para a Espanha, de onde, pela qualidade e abundância de sua carne, passou rapidamente à Inglaterra e aos demais países vizinhos. Por volta de 1580, já era presença costumeira nos banquetes de quase toda a Europa. Desde o início os esquisitos ingleses denominaram a ave de turkey – literalmente, Turquia. Para justificar essa opção, os dicionários ingleses explicam que os mercadores que provinham do Mediterrâneo oriental (o denominado Levante) eram conhecidos na Inglaterra como mercadores da Turquia, porque a região fazia então parte do Império Turco.

Possivelmente tenham incluído a ave entre suas mercadorias e daí a confusão – passaram a chamá-la de Turkey cock (“galo da Turquia”) e depois, muito simplesmente, turkey. Do outro lado do Canal da Mancha, os franceses não incorreram no mesmo erro britânico. Para eles, o peru tinha vindo mesmo é das Índias – ou melhor, das Novas Índias.

Portanto, na mais perfeita lógica gaulesa, os franceses chamaram a nova ave de coq d’Inde (“galo da Índia”), que evoluiu para dinde, sua forma atual. Assim também pensaram muitos outros povos, como fica evidente em seus idiomas – no Catalão, no Polonês, no Russo, no Árabe, até no áspero Basco, o peru também recebeu nomes que o ligam à Índia ou às Novas Índias. No Ídiche ele é chamado indik (apesar de ter sido introduzido tardiamente na culinária judaica, a maioria dos rabinos e comentaristas o considera “kosher”). No próprio Turco, ele é chamado hindi.

Nossos vizinhos, os espanhóis, que tiveram a missão de trazer o peru para as mesas do Ocidente, terminaram chamando-o de pavo. Ora, o dicionário do Corominas nos diz que, no Espanhol, pavo ou pavón era o nome dado na Idade Média ao pavão, o belo pássaro de bela cauda, vindo da Ásia e já presente na arte e na literatura dos gregos e romanos. Quando, após a Conquista do México, levaram o peru para a Espanha, deram-lhe o mesmo nome, talvez pela cauda também generosa que o peru selvagem ostenta até hoje na América. Como o Espanhol não poderia ter um só nome para dois animais diferentes, o peru ficou sendo pavo e o pavão, pavo real.

Quanto a nós, já no primeiro século de nossa colonização começamos a criar e a assar o peru, aqui conhecido como galinha do Peru ou galo do Peru (Diogo do Couto, “Décadas”), já que nos servimos do topônimo Peru, durante um bom tempo, para designar toda a América Espanhola.

O leitor pôde avaliar o quanto se escondia na pergunta da criança – o peru veio do México, mas os ingleses pensaram que tinha vindo da Turquia; os franceses, os catalãos, os bascos, os árabes, os russos, os judeus do mundo todo e os próprios turcos pensaram (com certa razão) que ele tinha vindo das Índias. Os espanhóis sabiam de onde ele vinha, mas não o chamaram de México, preferindo situá-lo como um primo americano do pavão.

E nós, brasileiros e portugueses, pensamos que ele tinha vindo do Peru – que não conhecia o peru. Hoje ele faz parte mais ativa em nosso vocabulário.

» Pomba – vem do latim palumba, “pombo bravo”, relacionado a colomba, “pomba”.

» Quero-quero – A ave conhecida como quero-quero, também chamada de téu-téu, espanta-boiada ou terém-terém, vive nas baixadas limpas e úmidas, várzeas, beiras de rios ou lagoas. Alimenta-se de insetos, vermes e crustáceos e é agressiva – ataca todas as outras aves que penetrem no seu território e dá sinal de alarme quando alguma pessoa ou animal faz o mesmo. Assustada, voa em círculos emitindo sua voz característica tero-tero, que lhe valeu o nome onomatopaico de quero-quero.

» Urubu – nossos índios tupis davam a essa ave o nome de uru’wu, daí a palavra atual.

HR Idiomas