Expressões da língua portuguesa

Conheça algumas expressões idiomáticas utilizadas principalmente no português do Brasil. Lembre-se que pelo fato do Brasil ter dimensões continentais essas expressões podem variar de região para região e talvez possam ter sentidos diferentes entre elas

Andar com a pulga atrás da orelha = estar desconfiado
Armar o maior barraco = fazer um escândalo em uma discussão

Bater boca = discutir com alguém
Bater com o nariz na porta = não encontrar a pessoa no local
Bater na mesma tecla = insistir na mesma coisa
Bater papo = conversar

Cara-de-pau = pessoa cínica
Custar os olhos da cara = ser muito caro

Dar com a língua nos dentes = denunciar
Dar mole = facilitar uma situação
Dar o golpe do baú = casar-se com uma pessoa rica por interesse
Dar um bolo = faltar a um compromisso
Dor de cotovelo = ciúme

Entrar em uma fria = envolver-se em negócio desonesto ou muito complicado
Entrar pelo cano = quando uma pessoa não tem bons resultados em uma determinada situação
Estar de fogo = estar bêbado
Estar de ressaca = estar sentindo os efeitos de uma embriaguez
Estar de saco cheio = estar intolerante
Estar duro = não ter dinheiro

Farinha do mesmo saco = comparação entre duas ou mais pessoas de personalidade mesquinha
Fazer das tripas coração = fazer o possível e o impossível
Fazer uma vaquinha = Arrecadar dinheiro de um grupo de pessoas para um determinado fim
Ficar boiando = ficar sem entender
Ficar de braços cruzados = não fazer nada (não resolver uma situação)
Ficar de olho = olhar , observar
Ficar de orelha em pé = está desconfiado, alerta
Ficar de papo pro ar = não fazer nada (ser preguiçoso)
Ficar na sua = não se intrometer em assuntos alheios
Filho de peixe peixinho é = quando os atos praticados pelo filho são semelhantes aos do pai

Ir por água abaixo = quando alguma coisa não dá certo

Mão-de-vaca = pessoa que faz economia de suas coisas exageradamente

Não ata nem desata = não se decide
Não dar o braço a torcer = não ceder de modo algum
Não dizer coisa com coisa = falar sem nexo , sem sentido

Olho gordo = inveja
Osso duro de roer = pessoa que é difícil de se convencer

Passar um aperto = passar por uma situação muito difícil
Pé frio = pessoa sem sorte
Pé quente = pessoa com sorte
Pegar o bonde andando = escutar uma conversa quando ela já está quase no fim, não escutá-la desde o início.
Perder a cabeça = descontrolar -se
Perna-de-pau = quem não sabe jogar bem o futebol
Pisar em ovos = ser muito cuidadoso
Pôr a boca no trombone = contar pra todo mundo
Pôr as cartas na mesa = esclarecer as opiniões e posições
Pôr no olho da rua = despedir , expulsar
Pôr tudo em pratos limpos = esclarecer uma situação

Rodar a baiana = fazer um escândalo

Saber na ponta da língua = saber perfeitamente
Sem tirar nem pôr = igualzinho
Ser um zero à esquerda = não ter nenhum valor

Tirar de letra = fazer alguma coisa com grande facilidade
Tocar no ponto fraco = atingir a fraqueza de alguém

Viver no mundo da lua = ser distraído

Dor de cotovelo

A expressão teve origem nas cenas de pessoas sentadas em bares, com os cotovelos apoiados no balcão, bebendo e chorando a dor de um amor perdido. De tanto permanecerem naquela posição, as pessoas ficavam com dores nos cotovelos. Atualmente, é muito comum utilizar essa expressão para designar o despeito provocado pelo ciúme ou a tristeza causada por uma decepção amorosa.

Novinho em folha

A expressão “novinho em folha” surgiu em alusão a livros recém-impressos, que estariam com as folhas limpinhas, sem dobras, riscos ou diferenças na coloração. Eram livros, portanto, “novinhos em folha”. Para falar que algo nunca foi usado ou que, se já foi, está em ótimo estado, dizemos que está “novo em folha”. A expressão também pode ser usada para designar alguém que, depois de se machucar ou enfrentar uma doença, está curado.

Sem eira nem beira

Significa pessoas sem bens, sem posses. Eira é um terreno de terra batida ou cimento onde grãos ficam ao ar livre para secar. Beira é a beirada da eira. Quando uma eira não tem beira, o vento leva os grãos e o proprietário fica sem nada.

Na região nordeste este ditado tem o mesmo significado mas outra explicação. Dizem que antigamente as casas das pessoas ricas tinham um telhado triplo: a eira, a beira e a tribeira como era chamada a parte mais alta do telhado. As pessoas mais pobres não tinham condições de fazer este telhado, então construíam somente a tribeira ficando assim “sem eira nem beira”.

Bafo de onça

A onça é um animal carnívoro que se lambuza bastante na hora de comer a caça. Por esta razão, fede muito e sua presença é detectada à distância na mata. Assim, pessoas que possuem o hálito fétido passaram a ser chamadas de “bafo de onça“. A expressão também faz referência ao hálito de quem está (ou esteve) alcoolizado.

Guardar a sete chaves

No século 13, baús eram usados para guardar joias e documentos da corte de Portugal. Cada baú tinha quatro fechaduras e era aberto por quatro chaves distribuídas entre funcionários do reino. Com o tempo, os baús caíram em desuso. E algo que antes estava bem “guardado a quatro chaves”, passou a ser “guardado a sete chaves”, devido ao misticismo associado ao número 7.

Esse misticismo originou-se nas religiões primitivas babilônicas e egípcias, que cultuavam os sete planetas conhecidos na época. Assim, a expressão “guardar a sete chaves” está relacionada ao ato de guardar algo com segurança e sob sigilo absoluto.

Ovelha negra

Esta expressão não é brasileira nem restrita à língua portuguesa. Vários outros idiomas também a utilizam para designar alguém que destoa de um grupo, assim como uma ovelha da cor preta se diferencia em um rebanho de animais brancos.

Na Antiguidade, os animais pretos eram considerados maléficos e, por isso, sacrificados em oferenda aos deuses ou para acertar certos acordos. Daí o hábito de chamar de “ovelha negra” aqueles que se diferenciam por desagradar e chocar aos demais.

Chegar de mãos abanando

A origem mais aceita para a expressão está relacionada com os imigrantes que chegavam ao Brasil no século 19. Eles costumavam trazer da Europa ferramentas para o cultivo da terra, como foices e enxadas, além de animais, como vacas e porcos. Uma ferramenta poderia indicar uma profissão, uma habilidade, demonstrava disposição para o trabalho.

O contrário, chegar de mãos abanando, indicava preguiça. Atualmente, quando uma pessoa vai a uma festa, mandam os bons modos que leve um presente. Se não o faz, diz-se que “chegou com as mãos abanando”.

Amigo urso

Sabe aquele amigo, amigão que está sempre ao seu lado? Disponível, prestativo? Um dia você descobre que ele não é tão amigo assim, se tornou um amigo falso, infiel, hipócrita. Certamente, após a traição você irá chamá-lo de “amigo urso”. Agora como o urso entrou nessa confusão, é outra história, que vamos ver no próximo parágrafo.

A expressão “amigo urso” vem de uma fábula da “La Fontaine”. Segundo a história, um urso e um homem tornaram-se muito amigos. Certo dia, o homem estava dormindo e uma mosca pousou em seu nariz. Para proteger o amigo, o urso atirou uma pedra e, sem medir sua força, acertou a testa do homem e o deixou morto.

Onde Judas perdeu as botas

A expressão “onde Judas perdeu as botas” é usada para designar um lugar distante, desconhecido e inacessível. Existe uma história não comprovada que relata que após trair Jesus, Judas enforcou-se em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que ganhara por entregar Jesus dentro de suas botas.

Quando os soldados viram que Judas estava sem seus sapatos, saíram em busca dos mesmos e do dinheiro da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se tais botas foram achadas. Acredita-se que foi assim que surgiu tal expressão.

Tintim por tintim

Corrente tanto no português do Brasil como em Portugal, a expressão “tintim por tintim” é utilizada para falar de alguma coisa descrita em seus mínimos detalhes. Segundo o filólogo brasileiro João Ribeiro, “tintim é a onomatopeia do tilintar de moedas”, ou seja, tintim é o barulho que uma moeda faz quando cai sobre outra.

Em sua origem, a expressão “tintim por tintim” era usada para se referir a uma conta ou dívida paga até a última moeda. Assim, quando queremos obter informações precisas sobre algum fato ou situação, costumamos dizer: “Conte-me tudo, tintim por tintim”.

A bom entendedor, meia palavra basta

Esta frase, dando conta de que não são necessárias muitas palavras para um bom entendimento entre as pessoas, está coberta de sutilezas, pois sugere que os interlocutores compreendem o sentido exato do que se disse por meio das mais leves alusões. Às vezes, é pronunciada também como advertência ou ameaça disfarçada de boas intenções.

Os franceses são ainda mais sintéticos: para bom entendedor, meia palavra. E os espanhóis dizem: a bom entendedor, meio falador. A frase consagrou-se no famoso livro Dom Quixote de la Mancha, do celebérrimo Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616).

Lua-de-Mel

Há mais de 4 mil anos, os habitantes da Babilônia comemoravam a lua-de-mel durante todo o primeiro mês de casamento. Neste período, o pai da noiva precisava fornecer ao genro uma bebida alcoólica feita a partir da fermentação do mel, o hidromel. Como eles contavam a passagem do tempo por meio do calendário lunar, as comemorações ficaram conhecidas como lua-de-mel.

Deixar as barbas de molho

Na Antiguidade e na Idade Média, a barba significava honra e poder. Ter a barba cortada por alguém representava uma grande humilhação. Essa ideia chegou aos dias de hoje nessa expressão que significa ficar de sobreaviso, acautelar-se, prevenir-se. Um provérbio espanhol diz que “quando você vir as barbas de seu vizinho pegar fogo, ponha as suas de molho”. Todos devemos aprender com as experiências dos outros.

Santo do pau oco

Durante o século XVII, as esculturas de santos que vinham de Portugal eram feitas de madeira. A expressão surgiu porque muitas delas chegavam ao Brasil recheadas de dinheiro falso. No ciclo do ouro, os contrabandistas costumavam enganar a fiscalização recheando os santos ocos com ouro em pó. No auge da mineração, os impostos cobrados pelo rei de Portugal eram muito elevados. Para escapar do tributo, os donos de minas e os grandes senhores de terras da colônia colocavam parte de suas riquezas no interior de imagens ocas de santos.

Algumas, normalmente as maiores, eram enviadas a parentes de outras províncias e até de Portugal como se fossem presentes. Outra versão vem de São Vibaldo, retratado sempre dentro de um tronco de madeira.

Banho-maria

É uma alusão à alquimista Maria, possivelmente irmã de Moisés, o líder hebreu que viveu entre os séculos XIII e XIV a.C. Foi ela quem inventou o processo de cozinhar lentamente alguma coisa mergulhando um recipiente com a substância em água fervente. Ou também pode se uma referência à Virgem Maria, símbolo de doçura, pois o termo evoca o “o mais doce dos cozimentos”.

Lágrimas de crocodilo

A expressão é usada para se referir a choro fingido. O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele “chora” enquanto devora uma vítima.

Motorista barbeiro

Antigamente, os barbeiros eram conhecidos não apenas por realizar o corte de cabelo e barba, mas também por desempenhar tarefas como: extração de dentes, remoção de calos e unhas, entre outros. Geralmente, os serviços extra deixavam consequências desagradáveis aos clientes. No século 15, o termo “barbeiro” era atribuído a atividades mal executadas. Com o tempo, passou a ser relacionado aos motoristas.  Daí a expressão “motorista barbeiro”, ou seja, mau motorista.

Pensando na morte da bezerra

A história mais aceitável para explicar a origem da expressão é proveniente das tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados. Conta-se que certa vez um rei resolveu sacrificar uma bezerra e que seu filho menor, que tinha grande carinho pelo animal, opôs-se.

Independentemente disso, a bezerra foi oferecida aos céus e afirma-se que o garoto passou o resto de sua vida pensando na morte da bezerra. Assim, estar “pensando na morte da bezerra” significa estar distante, pensativo, alheio a tudo.

Até tu, Brutus?

A história desta frase famosa, comumente aplicada a situações de traição, remonta ao episódio que resultou no assassinato do grande imperador, estadista e general romano Caio Júlio César (101-44 a.C.), vítima de conspiração organizada por senadores e aristocratas e liderada, entre outros, por Marco Júnio Bruto (85-42 a.C.), nos idos de março de 44 a.C.

A vítima defendeu-se quanto e como pôde de punhais e espadas, até que reconheceu entre os que o atacavam e feriam o próprio filho adotivo. Ao vê-lo, teria pronunciado esta frase que o historiador Suetônio celebrizou em ‘A vida de César’. O enteado pagou caro por tramar a morte do pai e, derrotado, suicidou-se dois anos depois.

O que é do homem o bicho não come

A frase quer dizer que as características intrínsecas às pessoas não podem ser modificadas por fatores externos. O “bicho” representa a sociedade, as leis, regras ou até outras pessoas. Segundo o dito popular, não adianta nenhum destes “bichos” lutarem contra os sentimentos e características arraigados em alguém.

Ave, Maria!

Uma das mais célebres frases de todas as religiões cristãs, significando salve, Maria! Foi transcrita do Evangelho de Lucas 2, 28, constituindo-se na saudação com que o anjo Gabriel anunciou à Virgem Maria que ela estava grávida do Espírito Santo e iria ganhar um menino a quem deveria pôr o nome de Jesus.

Tão famosa ficou a expressão que tornou-se tema e título de diversas obras artísticas, como pinturas, esculturas e até músicas. É também o nome de uma das mais notórias orações, que tem uma segunda parte acrescentada às palavras proferidas pelo anjo Gabriel no momento da anunciação. Ave já era forma de saudação na antiga Roma, como o clássico Ave, Caesar.

Macaco velho não põe a mão em cumbuca

Existe uma árvore chamada sapucaia que dá um fruto em forma de cumbuca. Quando amadurece, a cumbuca desprende pequenas castanhas. Os filhotes de macacos enfiam a mão na abertura da fruta e ficam presos. Eles só conseguem sair quando fecham a mão e abandonam o fruto.

Consta que ela vem do Tupi kui’mbuka, “tipo de cuia”. Sapucaia é o nome comum a várias espécies de plantas da família das lecitidáceas, nativas do Brasil, de madeira resistente e cujos frutos têm sementes oleaginosas e comestíveis.

A casa da mãe Joana

A expressão ‘casa da mãe Joana’ alude a lugar em que se pode fazer de tudo, onde ninguém manda, uma espécie de grau zero de poder. A mulher que deu nome a tal casa viveu no século XIV. Chamava-se, obviamente, Joana e era condessa de Provença e rainha de Nápoles. Teve vida cheia de muitas confusões.

Em 1347, aos 21 anos, regulamentou os bordéis da cidade de Avignon, onde vivia refugiada. Uma das normas dizia: “o lugar terá uma porta por onde todos possam entrar”. ‘Casa da mãe Joana’ virou sinônimo de prostíbulo, de lugar onde impera a bagunça, mas a alcunha é injusta. Escritores como Jean Paul Sartre, em A prostituta respeitosa, e Josué Guimarães, em Dona Anja, mostraram como o poder, o respeito e outros quesitos de domínio conexo são nítidos nos bordéis.

Farinha do mesmo saco

Homines sunt ejusdem farinae” (São homens da mesma farinha, em latim) é a origem dessa expressão, utilizada para generalizar um comportamento reprovável. A metáfora faz referência ao fato de a farinha de boa qualidade ser posta em sacos separados, para não ser confundida com a de qualidade inferior. Assim, utilizar a expressão “farinha do mesmo saco” é insinuar que os bons andam com os bons, enquanto os maus preferem os maus.

Abre-te sésamo

Esta frase reúne as palavras mágicas e cabalísticas que, proferidas pelo herói do episódio “Ali-Babá e os quarenta ladrões”, das Mil e uma noites, resultam na abertura da porta misteriosa da caverna onde eram guardados os tesouros. Aqui está presente também a etimologia para explicar o significado de sésamo, em latim sesamum, que é uma planta em cujas sementes, muito pequenas e amareladas, está contida numa cápsula que se abre sem muita pressão.

O sésamo nada mais é do que o nosso popular gergelim, utilizado nas padarias para o fabrico de pães especiais e outras delicadezas de sabor muito raro.

A voz do povo é a voz de Deus

Vox populis vox Dei! Traduzida para o português como “A voz do povo é a voz de Deus“, esta expressão tem origem bastante antiga. Para se ter uma idéia, a primeira vez que o termo vox populi apareceu associado a vox Dei foi na Vulgata (tradução latina da Bíblia feita no século IV), em discurso de Isaías.

Quanto à forma Vox populis vox Dei tem seus primeiros registros em uma obra medieval, de um autor chamado Alcuíno. Outros ditos expressando conceitos semelhantes já haviam sido registrados em alguns textos clássicos, de Hesídio, Ésquilo e Sêneca.

Conversa mole para boi dormir

Colóquio flácido para acalentar bovino

Significando assunto sem importância, esta frase nasceu quando o boi era tão importante que dele só não se aproveitava o berro. Tratado quase como pessoa, com ele os pecuaristas conversavam, não, porém, para fazê-lo dormir.

Nas touradas, quando o boi ainda é touro, até sua fúria compõe o espetáculo. Na Copa de 1950, o Brasil venceu a Espanha por 6 a 1 e quase 200 mil pessoas cantaram Touradas em Madri, de Carlos Alberto Ferreira Braga, o Braguinha, que termina com estes versos: “Queria que eu tocasse castanholas e pegasse um touro a unha/caramba, caracoles/não me amoles/pro Brasil eu vou fugir/isso é conversa mole/para boi dormir”.

Falar pelos cotovelos

A frase, que significa “falar demais”, surgiu do costume que as pessoas muito falantes têm de tocar o interlocutor no cotovelo afim de chamar mais a atenção. O folclorista brasileiro Câmara Cascudo fazia referência às mulheres do sertão nordestino, que à noite, na cama com os maridos, tocavam-nos para pedir reconciliação depois de alguma briga.

Um é pouco, dois é bom, três é demais

De acordo com o escritor Deonísio da Silva, em “De Onde Vêm as Palavras”, esta frase foi popularizada no século XX, em uma canção do compositor brasileiroHeckel Tavares (1896-1969). “Os versos dizem ‘numa casa de caboclo, um é pouco, dois é bom, três é demais’ ”, explica o escritor. Embora a expressão seja relativamente recente, Deonísio afirma que seu sentido já aparecia na Bíblia. Segundo o Velho Testamento, três pessoas formavam um grupo grande demais para discutir assuntos íntimos.

Advogado do diabo

Essa expressão tem a origem na Igreja Católica. Quando o processo de santificação tem início, o “advogado do diabo” é escolhido pelo Vaticano para investigar se os atribuídos ao candidato são de fato verdadeiros.

Lavar a mão em alguém

Aqui está uma expressão verdadeiramente eufemística: lavar a mão em alguém é uma forma mais “suave”, mais “delicada” de os brasileiros dizerem bater em alguém ou andar à pancada com alguém.

Não embarcar em canoa furada

Se uma canoa está furada, está mais do que visto que vai meter água e acabar por afundar. Ora, no Brasil, quando uma pessoa é sensata e não se envolve em negócios arriscados, diz-se que não embarcou em canoa furada, ou seja, foi previdente.

Meter-se a besta

Em Portugal, quando alguém se quer mostrar importante, mesmo que não seja, dizemos que tem a mania, ou que tem a mania que é fino. No Brasil, quando alguém tem esse comportamento diz-se que é metido a besta. Essa expressão também se aplica a quem se mostra atrevido e provocador.
ex. “Carlão chegou à festa metido a besta. Não falou com ninguém, não viu ninguém.”

Encher a cara

Várias são as expressões que podem ser usadas, em Portugal e no Brasil também, quando se quer falar de alguém que bebeu em excesso, isto é, de alguém que se embebedou, ou se preferirmos de alguém que se embriagou, se encharcou, se enfrascou. Encher a cara é uma dessas expressões. É de origem brasileira e é usada num registo familiar.

Hora da onça beber água

Onça é o nome vulgar que se dá aos mamíferos carnívoros da família dos felídeos. A onça é parecida com a pantera e o leopardo. No Brasil, onça é um termo extensivo a todos os felídeos grandes, para além de poder ser também sinónimo de pessoa feia e de pessoa valente. Há algumas expressões idiomáticas construídas com o nome deste animal, como é o caso de hora de a onça beber água, expressão popular barsileira usada quando se quer falar de uma hora difícil, perigosa.

Olho gordo

Há sentimentos que são universais e há conselhos que valem em qualquer parte. Se por aqui se aconselha as pessoas a terem cuidado com os invejosos, no Brasil, para designar esse sentimento, fala-se em olho gordo.
Ex. Preciso tirar esse olho gordo! Vou-me benzer!

Matar cachorro a grito

São as várias as expressões idiomáticas para dizer que se está numa situação de desespero, de aflição, ou seja, numa situação muito difícil. “Matar cachorro a grito” é uma delas e é de origem brasileira. Ilustra bem o desespero de alguém que, não tendo mais como afastar um cachorro (=cão), metáfora para uma situação difícil, fá-lo apenas gritando.
Ex. “O chefe hoje está matando cachorro a grito! Disseram-lhe que tem de despedir mais de metade dos funcionários!”

Ficar no mato sem cachorro

Outra expressão que recorre ao substantivo cachorro é ficar/estar no mato sem cachorro, que é o mesmo que dizer ficar numa situação embaraçosa, sem ter qualquer tipo de ajuda.
ex. “O Paulinho encontrou a namorada do Mané com outro cara (=tipo) e ela ficou no mato sem cachorro.”

Empurrar com a barriga

Os mais velhos e mais experientes dão, muitas vezes, conselhos aos mais novos e inexperientes. Um dos conselhos mais comuns é “Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”. No Brasil, quando alguém adia uma decisão, um compromisso, diz-se que “empurrou com a barriga”. Esta expressão também pode querer dizer que perante uma dificuldade ou um problema, o indíviduo não perdeu a cabeça, manteve-se calmo e aceitou a situação.

Dar bola

Quando temos interesse em alguém, gostamos que essa pessoa retribua, nos dê conversa, ou como dizem os brasileiros, nos dê bola. Dar bola para alguém ou alguma coisa significa, pois, mostrar interesse, dar atenção.

Mão na roda

No Brasil, quando alguma coisa ou alguém foi uma ajuda importante e oportuna para a concretização de uma acção, diz-se que foi uma “mão na roda”. Em Portugal, temos a expressão “dar uma mão” ou “dar uma mãozinha”, usada quando se ajudou alguém.

Encher o saco

Quando alguém está a ficar saturado com uma situação, ou bastante aborrecido, os brasileiros dizem que está de saco cheio e se não querem ser incomodados, pedem para não encher o saco. Os portugueses dizem simplesmente que estão cheios ou fartos e pedem para ninguém os chatear.

Acertar na mosca

Quando alguém atinge o objetivo que deseja ou quando é certeiro no que diz ou faz, diz-se que acertou em cheio ou acertou na muche (círculo preto de um alvo de tiro). Os brasileiros têm a mesma expressão, mas usam um outro nome a acompanhar o verbo. “Acertar na mosca” é a expressão brasileira.

Descascar um abacaxi

No Natal, o abacaxi é um dos frutos que se pode saborear à sobremesa, até para “cortar” o sabor dos doces. Mas, o nome deste fruto tropical pode também significar, em sentido figurado, problema, dificuldade. Daí os brasileiros falarem em ”descascar um abacaxi” quando têm um problema para resolver ou quando têm de se ver livres de alguma situação embaraçosa.

Quintos do inferno

Durante o século 18 os portugueses coletavam diversos impostos na colônia, entre eles, a quinta parte (20%) de todo ouro extraído. Depois da coleta, enviavam estes impostos – chamados de “quinto” – para Portugal. O povo da metrópole, que achava que o Brasil ficava no fim do mundo, dizia: “Lá vem a nau dos quintos do inferno”.

Cuspido e escarrado

O correto é “esculpido em carrara“.  A frase é uma alusão à perfeição das esculturas de Michelangelo, pois carrara é um mármore da Itália e foi bastante usado por ele.

Quase todas as esculturas de Michelangelo foram lavradas em mármore de Carrara, o que permitiu que a perfeição do trabalho por ele desenvolvido se tornasse ainda mais evidente graças à qualidade superior da pedra que empregava. Daí surgiu a expressão “esculpida em carrara”, como referência quase obrigatória às obras do artista, mas o passar do tempo e o uso popular acabaram por transformar a expressão em um simples “cuspido e escarrado”, como forma de se explicar a semelhança existente entre uma pessoa e outra.

A dar com pau

Esta frase, indicando abundancia, nasceu no Nordeste. Vindas da África, milhares de aves de arribação, extenuadas pela travessia do Atlântico, pousam nas lavouras em busca de alimento. Chegam cansadas e famintas, quase desabando sobre o solo.

Os sertanejos, porém, não tem nada com isso e aqueles bandos representam séria ameaça às plantações. Ou eles matam as aves ou depois não terão o que comer. Desaparelhados para combate, antigamente os agricultores matavam os pobres pássaros a pau, e não aparecia nenhum ecologista para defendê-los.

O escritor Joaquim José da França Jr. (1838-1890), patrono da cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras, registrou a frase famosa na comédia Direito por Linhas Tortas, na frase ‘A mulher tomou sulfatos a dar com pau’.

E que os anjos digam amém

Interjeição religiosa, do hebraico amén (“assim seja”, “em verdade”), que, segundo Isidoro de Sevilha, era intraduzível. Ou melhor, mesmo que fosse traduzida, e o foi para o grego e o latim, alcançando outros idiomas, Santo Isidoro, padroeiro dos etimólogos, afirmava que continuaria sendo palavra hebraica, em virtude de seu poder sagrado.

Em sua obra Etymologiarum, Isidoro lembra ainda que, numa cena do Apocalipse de São João, aparecem anjos dizendo “amém”. Daí ser conveniente pronunciarmos essa palavra do mesmo modo que é ouvida no céu.

Fazer nas coxas

A origem vem da época dos escravos, que usavam as próprias coxas para moldar o barro usado na fabricação das telhas. Como as medidas eram diferentes, as telhas saíam também em formatos desiguais. E o telhado, “feito nas coxas”, acabava torto.

Baderna

Uma bailarina de nome Marietta Baderna fazia muito sucesso no Teatro Alla Scalla, de Milão. Ao apresentar-se no Brasil, em 1851, causou frisson entre seus fãs, logo apelidados de “os badernas”. O sobrenome da artista, de comportamento liberal demais para os padrões da época, deu origem ao termo que significa confusão, bagunça.

Da cor de burro quando foge

Por acaso o burro muda de cor quando foge? Na verdade, a tradição oral foi modificando a frase, que inicialmente era “corra do burro quando ele foge”. O burro enraivecido é mesmo perigoso.

Arco-íris

Na mitologia grega, Íris era a mensageira da deusa Juno. Como descia do céu num facho de luz e vestia um xale de sete cores, deu origem à palavra arco-íris. A divindade deu origem também ao termo íris, do olho.

Bode expiatório

A expressão significa que alguém recebeu a culpa de algo cometido por outra pessoa. A origem está num rito da tradição judaica. Simbolicamente, o povo depositava todos os seus pecados num bode, que era levado até o deserto e abandonado. Dessa forma, acreditava-se que as pessoas estariam livres de todos os males que tinham feito.

Vaca foi pro brejo

Faz referência a tempos difíceis, de seca, quando o gado parte em direção a brejos ou terrenos pantanosos em busca de água.

Tempo é dinheiro

O físico Benjamin Franklin (1706-1790) teria chegado a ela depois de ler obras do filósofo grego Teofrasto (372-288 a.C). O pensador grego, a quem é atribuída a autoria de cerca de 200 trabalhos em 500 volumes, teria mencionado a frase: “tempo custa muito caro”. Isso porque ele escrevia, em média, um livro a cada dois meses.

Conhece alguma expressão popular que não poderia ficar de fora dessa lista? Comente!

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